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Antes da maternidade, eu tinha certezas. Depois, eu tive filhos.



Antes da maternidade, é comum termos muitas convicções. Às vezes, são ideias que fomos formando ao longo da vida, outras vezes são certezas que absorvemos de livros, cursos, vídeos e até mesmo de outras mães que admiramos. Há também aquelas promessas silenciosas que fazemos a nós mesmas, acreditando que serão nosso guia na criação dos filhos.


“Quando eu for mãe, vou fazer diferente.”

“Meu filho vai comer de tudo.”

“Ele vai dormir a noite toda no berço.”

“Jamais vou gritar.”

“Vou dar conta de tudo.”


São pensamentos que nascem do nosso desejo sincero de acertar, de ser a melhor mãe possível. Muitas vezes, essa idealização vem de um lugar de cuidado, de proteção, de querer fazer tudo com excelência — o que é bonito, mas também pode ser pesado. Porque quando o filho chega, ele traz consigo uma nova realidade. E essa realidade nem sempre combina com os planos que fizemos antes de conhecê-la de fato.


O nascimento de um filho é também o nascimento de uma nova mulher. Uma mulher que ainda está se reconhecendo, se adaptando, se refazendo. E nesse processo, muitas das certezas que pareciam inabaláveis começam a ser questionadas. A teoria cede espaço à prática. O ideal dá lugar ao possível. E isso, num primeiro momento, pode ser difícil de aceitar.


É nesse espaço entre o que idealizamos e o que vivemos que costuma surgir a culpa. A autocobrança. A sensação de que estamos falhando por não conseguir fazer aquilo que, um dia, achamos que seria simples. Mas será mesmo que estamos falhando?


Na verdade, não. Estamos aprendendo. E um dos primeiros e mais importantes aprendizados da maternidade é justamente este: ser mãe não é seguir um roteiro. É aprender a escutar, observar e ajustar — muitas vezes, diariamente.


Ser mãe é aprender que um bebê não é um projeto com etapas previsíveis, mas um ser humano com necessidades únicas. Que o que funciona com uma criança pode não funcionar com outra. Que nossos limites importam tanto quanto os dos nossos filhos. E que mudar de ideia não é um sinal de fraqueza, mas de maturidade.


A flexibilidade, muitas vezes, é o que salva a nossa sanidade. Ela nos permite respirar mais fundo diante do caos, nos acolher com mais gentileza e compreender que perfeição não é o objetivo. A maternidade real é feita de tentativas, erros, ajustes e, acima de tudo, de muito amor.


Quando conseguimos soltar as certezas rígidas e olhar para o presente com mais abertura, começamos a enxergar a beleza daquilo que realmente importa: a conexão com nossos filhos, o vínculo que construímos no dia a dia, o afeto que atravessa as imperfeições.


Talvez a mãe que você se tornou seja diferente da que imaginou ser. E tudo bem. Essa nova versão de você carrega aprendizados que não estavam nos livros, mas que vieram da vivência, da escuta, da entrega. Essa nova versão tem mais profundidade, mais empatia, mais verdade.


Que a gente possa seguir abraçando o caminho possível. Com menos culpa, com mais presença. Com menos exigência, com mais leveza. Com menos rigidez, com mais flexibilidade.


Porque, no fim das contas, não é sobre ter todas as respostas. É sobre estar disposta a aprender, todos os dias, ao lado dos nossos filhos.

 
 
 

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